domingo, 14 de fevereiro de 2021

Pessoas Produtos


Quanto é que você vale? Qual o seu valor? 

Consegue me responder essa pergunta? A reflexão que gostaria de trazer hoje vai ser um rolê e tanto, então vamos lá... 

 A quê atribuímos valores geralmente? A coisas não é? E falando de sistemas capitalistas o valor sobre o produto diz muito sobre ele, quanto maior o valor, maior a relevância daquele produto e menor o acesso a ele também, o famoso "é pra poucos", e quanto menor o valor, menor a sua relevância no mercado, por assim dizer e maior o acesso. Existem também aqueles produtos que são superfaturados, onde o valor cobrado está acima da média do mercado, e qual a sensação que se têm sobre produtos superfaturados? Não sei você, mas eu sinto um certo desdém e revolta no sentido de "mas nem vale tudo isso", vamos guardar essa ideia em stand by porque pretendo retomar o raciocínio mais a frente...

Agora, o que agrega valor a um produto? Beleza e utilidade são dois pontos muito requisitados na escolha de um produto, certo? Podemos até acrescentar valor sentimental em alguns produtos, mas aí já é uma outra classe de valor... Bom e agora chegamos no ponto chave dessa reflexão, todas as características que atribuímos ao valor de objetos/coisas para consumo, hoje atribuímos também às pessoas, o que nos leva a pensar sobre Pessoas Produtos, sim, meus caros, somos todos produtos hoje em dia, basta analisar como nossas relações interpessoais funcionam de acordo com o valor que nos é atribuído. Beleza e utilidade, vamos falar um pouco sobre essas duas classes de parâmetro para medir o valor de alguém hoje em dia:

Beleza: A beleza é sem dúvidas seu cartão de entrada para muitas oportunidades de vida, relações interpessoais, oportunidades de emprego e negócios, amizades, relacionamentos amorosos, etc. A aparência tem um papel importante para ascensão de qualquer pessoa (ou produto), mas isso não é algo exclusivo de nós seres humanos, no reino animal a beleza também é determinante para certos interesses como o acasalamento, veja os pavões por exemplo, o macho em época de acasalamento exibe suas belas penas para atrair a atenção da fêmea e assim se a "paquera" for bem sucedida virão filhotes e a natureza seguirá seu curso natural. Nós também temos nossos papéis a desempenhar na sociedade e muitos ficam mais fáceis se você tiver uma boa aparência, e claro que pra nós humanos existem algumas particularidades e a coisa é um pouco mais complicada, pois existem padrões de beleza que variam de acordo com culturas e épocas e quanto mais dentro desse padrão você estiver, obviamente mais bem aceito você será, mas para além desse padrão existem outras coisas que atribuem valor a sua beleza e que são bem importantes, como, cheiro, postura corporal, tom de voz, sorriso, inteligência, carisma e roupas, por exemplo. E na sociedade na qual vivemos a pressão estética para as mulheres é bem mais pesada do que para os homens, e quem dita essas regras da beleza feminina? Mulheres? Não meu bem, são homens, quem você acha que escrevia as revistas das décadas de 1960 e anteriores a isso, com temas de como ser uma boa mulher/esposa, ou como conquistar um homem e etc.? O salto alto por exemplo, foi inventado por Constantino Coccinelle, um artesão italiano, nascido em Florença no ano de 1502 e morreu em Paris na França no ano de 1583. Certas vezes chego a pensar que brincar de boneca é coisa de homem dito hétero, (sem querer generalizar), me refiro aos mimizentos que não podem ver uma estria que ficam com nojinho, pois estes não gostam de mulheres reais, mas de bonecas. 

Utilidade: Na utilidade por sua vez, eu atribuiria a um grau a mais de importância, sendo que não basta só um rostinho bonito para se chegar a algum lugar, se você não tiver de fato alguma utilidade você não vai se manter nos lugares aos quais pode chegar. Em uma empresa por exemplo, sua boa aparência com um pouco de "lábia" podem até te proporcionar a aprovação na entrevista, mas se ao entrar na empresa você não sustentar o seu discurso das suas próprias habilidades, bye bye, honey. Mas claro que isso não precisa ser bem assim, veja, se você demostrar interesse em aprender e a empresa estiver disposta a te qualificar com treinamentos e você se aperfeiçoar por conta também, você pode se manter na empresa, desde que é claro você traga os resultados esperados, afinal talvez os únicos bonzinhos a ponto de nos sustentar sem muita coisa em troca são os nossos pais e olha lá. A maioria das relações é baseada em troca, temos a tendência a nos manter em relações que estamos ganhando algo com aquilo, ou seja que nos têm alguma utilidade, se não, vai perdendo-se o sentido. Pode ser até um pouco cruel, a visão das pessoas como produtos para fins de utilidade, ainda mais quando olhamos para o tratamento com idosos na nossa sociedade, o aumento de casas de repouso e asilos, servindo quase como depósitos daqueles que já não podem produzir para os interesses sociais. 

*Bônus - Moral: Achei de bom tom trazer a moral também como um ponto importante que agrega valor a uma pessoa na sociedade e esta entra como bônus porque não podemos cobrar moral de um objeto inanimado, certo? A moral pode ser classificada por um conjunto de regras e normas que regem uma sociedade, comportamentos que são louváveis ou reprováveis perpassam pela moral, e ela é tão importante que pode gerar processos jurídicos por meio de assédio moral ou dano moral, por exemplo. Então, se você é uma pessoa com boa moral isso trará valor a sua reputação e a sua pessoa, agora se você é uma pessoa amoral certamente será reprovada socialmente.

Outra evidência interessante que estamos nos tornando cada vez mais objetos é o Tinder, a experiência naquele aplicativo por si só já faz parecer que você está num site de buscas por um produto, gostou desliza a tela pra um lado, não gostou desliza pro outro, bem Zygmunt Bauman pontua muito bem essas idéias em suas obras, Modernidade Líquida (1999); Amor Líquido: Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos (2000); Vida Líquida (2005) e Tempos Líquidos (2007). Freud também já colocou em suas obras que usamos do outro como objeto de prazer. 

Lembra quando eu disse sobre a sensação que me vinha sobre produtos superfaturados? Pois bem, vamos retomar essa ideia, penso que isso também se aplica as pessoas "superfaturadas" no sentido de que hoje temos pessoas com uma noção de si mesmas um tanto quando narcisista, fruto talvez da positividade excessiva da internet, dos slogans como "Yes, we can", etc. e não quero dizer que há problema em se ter uma boa autoestima, mas é sempre bom ter cuidado, pois segundos estudos recentes "geralmente as pessoas com maior índice de autoestima elevada estão mais propensos ao elitismo, racismo, violência e delírios de grandeza", outro problema da autoestima elevada é que você não pode melhorar se você achar que não tem o que melhorar e isso é bem problemático, pois ninguém em sã consciência é perfeito.

Referências, indicações e inspirações:

JORNALISMO DE MODA EM REVISTA: Momentos históricos do registro editorial da moda no Brasil no período anterior aos anos 60http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao53/materia03/#:~:text=A%20primeira%20revista%20feminina%20data,por%20Pierre%20Plancher%5B*8%5D%20

COMO FICAR MAIS BONITO (Literalmente)https://youtu.be/O7IY1j4EQTs

Significado de Moral - abstracta - Filosofia, Sociologia e Psicologiahttps://abstracta.pro.br/moral/

F*D@-SE A AUTOESTIMA
https://youtu.be/zqC1wTzF1-4

A NOÇÃO DE OBJETO NA PSICANÁLISE FREUDIANA:COELHO JR., Nelson Ernesto. A noção de objeto na psicanálise freudiana. Ágora (Rio J.) , Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, pág. 37-49, dezembro de 2001. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-14982001000200003&lng=en&nrm=iso>. acesso em 14 de fevereiro de 2021.

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