domingo, 10 de julho de 2022

Lua





Você é a mais bela, linda e perfeita obra prima que habita o céu, todas as suas fases, seus ciclos me fazem lembrar dos meus, às vezes você está dividida entre luz e sombra, às vezes é mais luz, às vezes mais sombra e às vezes nem parece que você está lá, quando não há nenhuma luz, mas você está, misturada com a escuridão do infinito e isso é belíssimo, mas nada é mais belo do que quando está completamente iluminada, cheia de si, quando isso acontece você impõe o seu respeito, é difícil desviar o olhar quando te vejo assim, e é precioso, pois não é todo dia, ou melhor, toda noite que vemos você assim. Mas pra mim é muito fácil te procurar quando está iluminada, é quase que inevitável, agora quando você não brilha eu nem sei bem onde te encontrar... 

Você é como uma velha amiga, mas eu vivo dizendo que poderia me casar com você, você testemunhou muita coisa desde que comecei a te confessar meus pecados, medos e arrependimentos. Você traz uma coisa boa quando aparece, é o ponto de luz em meio as trevas, as vezes a própria treva, mas acima de tudo uma professora, pois me relembra da impermanência, nenhum dia é como o outro, mas você permanece a mesma nas suas diferenças.






segunda-feira, 2 de maio de 2022

Seja um Bom Anfitrião

 


Quem dera se a tristeza fosse tão breve como é a alegria, não é mesmo? Bom, talvez a tristeza se demore mais na sua estadia, porque não lhe damos ouvido como fazemos com a alegria. Quando a alegria chega, corremos abrir-lhe a porta, passamos-lhe um café, que servimos na melhor xícara, sentamos e a ouvimos atentamente, quando damo-nos conta, já é tarde da noite e ela diz: "Preciso ir, já é tarde", e insistimos em responder-lhe: "não vá ainda, pois é tão cedo.", ainda assim ela agradece e se vai. No entanto, quando a tristeza nos chama no portão, tendemos fingir não estar em casa, fechamos as cortinas, e ficamos em completo silêncio, quem sabe assim ela não vá embora, e algumas vezes ela vai mesmo, mas não tarda a voltar, bate na porta, grita por nós, e mesmo quando abrimos não a convidamos para entrar, queremos uma conversa breve na porta mesmo, "diga logo o que você quer, pois tenho pressa", dizemos e mal ela começa a falar, a cortamos e nos apressamos a fechar a porta, o problema é que ela nunca consegue terminar sua fala, e sempre precisa retornar na tentativa de passar a mensagem.

A alegria pode parecer demorar a voltar, afinal a recebemos tão bem que ela já nos disse tudo que lhe cabia, talvez demore até que tenha novidades, daí morremos de saudade, ligamos atrás dela, "onde anda você?" e tentamos marcar um encontro como fazem os amigos de longa data, mas é sempre muito difícil, afinal a alegria está sempre ocupada, pois é muito requisitada, já a tristeza está sempre com tempo livre para nos fazer uma visita, se bobear, ela está na sua porta, esperando que você a convide para entrar e tomar um café. 

Talvez a tristeza também seja triste, pois é tão rejeitada, poucas vezes ouvida, como deve ser a vida da tristeza que já é tão triste? Quem sabe ela não venha a se alegrar se a convidarmos para entrar, lhe servir um café em nossa melhor xícara e ouvir o que ela tem a nos dizer? Afinal nem bem a conhecemos, muitas vezes quando ela entra em nossas vidas sem ser convidada e invade nossa morada, apenas sentamos ao seu lado e ficamos ambos em silêncio, nós e a tristeza, se ela tenta falar, tapamos os ouvidos, não nos interessa. Além disso, não nos é recomendado ouvi-la, sempre que passa alguém do lado de fora da nossa morada e vê a tristeza pela a janela, grita, "não dê ouvidos a tristeza!", "mande-a embora!", ninguém gosta de quem recebe bem a tristeza, mas gostando ou não, ela sempre haverá de bater a porta, então, quando virmos a tristeza pela janela da morada de alguém, que tal lhe perguntarmos, "o que ela te disse?"?

Fim.

Obrigada pela leitura! Se quiser, pode me contar o que achou nos comentários.


domingo, 13 de fevereiro de 2022

A Luz & A Sombra



 A Luz e a Sombra brigaram, e decidiram que iram se divorciar, uma já não mais suportava a outra, e sem querer puxar sardinha para nenhum dos lados, elas claramente eram opostas. 

- Claro que somos opostas, isso é óbvio, é lógico! - Indagou a Luz.

- Você é sempre tão egocêntrica, não é mesmo? Sempre quer ter a razão, ter não, ser a razão, isso só porque os tolos acreditam que você é a melhor, você não passa de uma misera amante das pessoas, e eu, ah eu sou a esposa, fiel e traída. - Lamentou a Sombra. 

- Amante? Eu sou a prudência, eu sou a pureza, eu sou a nobreza, eu sou a bondade, eu sou a paz, eu sou o conhecido, eu sou a ordem, já você... Ora você representa tudo que há de pior, escuridão, promiscuidade, medo, impureza, desejo, desconhecido, descontrole, desordem. - Se gabou a Luz.

- Muito bem então, sou todas essas coisas, estou nas profundezas de cada ser, onde é pouco habitado, mais explorada por uns do que por outros, mas eu sou a intimidade de cada um, eu sei de toda a verdade, enquanto você está na superfície, e todos podem com facilidade te ver, é preciso um mergulho profundo para me encontrar, tanto dos demais quanto sobretudo do próprio ser, posso não ter a sua beleza a que todos desejam ver, mas eu sacio em verdade e você de nada dá conta se não das aparências, você é apenas o cartão de visita. 

Diante de tamanha discussão, passaram a habitar apenas uma delas em cada ser e em cada ambiente, pois onde uma estava a outra não desejava estar, e então a realidade tal como a conhecemos mudou, a Terra parou e Leste era sempre dia, enquanto Oeste sempre noite, os artistas que passaram a ser habitados apenas pela Luz faliram todos, pois sua arte não tocava mais as pessoas, e aqueles que eram habitados pela Sombra não produziam obra alguma, estavam ocupados demais procurando saciar seus desejos incontroláveis e nada mais era tão sublime. Os românticos passaram a enlouquecer, pois onde havia amor, não havia mais paixão e onde havia luxúria não havia mais olhar. Os sonhadores foram desaparecendo com o tempo, pois o sonho não tinha mais a emoção para alguns, enquanto outros agiam por impulso atrás do que desejavam e daí não havia tempo para sonhar. A Lua desapareceu na escuridão da noite e os poetas com ela, pois o Sol já não brilhava mais lá, as estrelas todas migraram para perto do Sol, mas diante de tamanha claridade já não podiam mais serem vistas, pois agora Luz, era só Luz e Sombra era só Sombra. As igrejas ficaram vazias, pois onde havia Luz não havia mais Sombra, e elas não se misturavam mais, não haviam mais pecadores com esperança de redenção, pois agora Luz era só Luz e Sombra era só Sombra e elas não se misturavam mais. E a lista de dicotomias divididas só ia aumentando dia após dia.

Chegou a um ponto em que a situação ficou insustentável, de um lado as pessoas começaram a cometer suicídio por não sentirem mais sabor na vida, pois embora houvesse muita luz, tudo parecia agora meio sem sal, e de outro lado as pessoas acabaram matando umas as outras para saciar os próprios desejos, diante de tamanha barbárie Luz e Sombra decidiram se encontrar para conversar.

A verdade era que ambas estavam perdendo os próprios sentidos, e decidiram se reconciliar, quando perceberam que uma não existia sem a outra, pois Luz sem Sombra era qualquer outra coisa que não Luz, e Sombra sem Luz era qualquer outra coisa que não Sombra. 








sábado, 9 de outubro de 2021

O Projeto da Pobreza no Brasil e no Mundo


Se existe uma verdade é que "uma imagem vale mais que mil palavras", por isso este texto será contemplado de várias imagens para que o que eu quero passar aqui chegue em você com o maior impacto possível. 

O ser humano tende a se achar muito especial e superior aos demais animais na natureza, por ter o desenvolvimento da linguagem, da razão, mas a serviço de quê está essa razão? Pois o ser humano é o único que paga para viver, é o único que pega pra si mais do que precisa para viver, é o único que não se importa de ver que tem mais do que precisa enquanto outros vivem na miséria, é o único que quanto mais tem mais quer e nunca está satisfeito, é o único que explora outros da sua espécie e outras espécies em benefício próprio. O ser humano muitas vezes é o último a exercer o princípio de humanidade.

Em um mundo onde pessoas, são tidas como produto, produto de uso, de beleza, um produto que serve para produzir outros produtos, um produto que vale menos que outros produtos, um produto que não se relaciona mais, que tem que ser perfeito se não não serve, que é descartável, que pode ser número pra algumas empresas, ferramenta para outras, que pode ser objeto de prazer para terceiros, que é saco de pancada de uns outros, e que quando se rebela é visto como animalesco, retrógado, não civilizado, descontrolado, culpado e daí precisa ser contido, controlado, seja na prisão, seja em um manicômio, como muito se fez no passado, ou ainda, seja morrendo na miséria, como podemos ter a audácia de nos sentir superior? Se houver o mínimo de consciência sobre como vimos nos comportando desde que o mundo é mundo, deveríamos ter mais humildade para se colocar no mundo e talvez até, vergonha. 

 "Quem não vive pra servir, não serve para viver"
-Mahatma Gandhi

Já ouviu falar sobre projeção e introjeção? Se observarmos uma criancinha, ela conhece o mundo através da boquinha, tudo que pega coloca na boca, se ela encontrar um doce e levá-lo à boca, vai sentir o gosto doce e vai ingerir o doce, mas se ela encontrar uma pedra e levar a boca não será tão prazeroso como o doce e então ela irá cuspir, desse modo, aquilo que gostamos, ingerimos, atribuímos a nós, e aquilo que não gostamos, expelimos para fora, para o mundo, ou seja, projetamos fora de nós, isso acontece inclusive com nossas próprias qualidades e defeitos, aquilo que não gosto eu coloco no outro. Sabe quando você está com pressa e tem alguém a sua frente que está barrando a passagem e ainda está transitando em ritmo lento? Tendemos a colocar a culpa de nossa frustração dessa situação (e outras) na pessoa que está a nossa frente, pois ela está lenta demais, quando na verdade a pressa é nossa, e não da pessoa a nossa frente, a frustração é nossa e a outra pessoa não tem nada a ver com isso, tem ainda quem ache que a pessoa a frente está indo de vagar de propósito só para lhe irritar, mas isso é descabido, visto que a pessoa a frente muitas vezes nem sabe quem é você, sua rotina, e tão pouco a sua urgência, afinal você não é uma ambulância, e mesmo a ambulância precisa de uma sirene para avisar sua pressa. Tudo isso para dizer que na cultura e religião de diversas formas criamos figuras externas a nós para representar o mal, alienígenas, robôs, monstros, lobisomens, vampiros, fantasmas, espíritos, demônios, enfim a lista é imensa, seres maléficos que aterrorizam a humanidade, sendo que na verdade o maior mal do mundo seja a própria humanidade tal como vem se dando ao longo dos anos. Precisamos começar a reconhecer nosso papel de contribuição para o mundo em que vivemos, seja pro bem ou pro mal.

A humanidade tem potencial de fazer coisas extraordinárias, como também vimos ao longo dos tempos, mas tem modos de vida que não cabem já faz tempo, a nossa ganância e egoísmo não pode ser maior que o nosso senso de coletividade, pois isso vai contra nosso princípio natural e se não mudarmos isso, essa será a nossa sentença. São tempos difíceis e todos de alguma forma estão sentindo isso, a pandemia, a crise econômica do país, e sem contar as problemáticas que o país já enfrentava e hoje tudo se encontra muito mais agravado pela pandemia e claro, pela má gestão do governo atual e individualismo de cada um de nós, mas o pior dessa questão toda é que, infelizmente, somos reforçados a ser egoístas, pois só se pode ajudar o outro se antes ajudarmos a nós mesmos, aqui vale analogia do avião, primeiro você veste a máscara de oxigênio em você depois na pessoa ao seu lado. Minha crítica aqui não é pra você necessariamente, mas para os magnatas, os milionários, bilionários, trilionários, eles são os verdadeiros vilões da história, porque mesmo que você tenha uma renda legal e não esteja passando sufoco você não gera o impacto global que esses caras geram. Mas é aquilo, a gente tem que se ajudar, quem mais sofre e é afetado é a maioria e quem explora é minoria, nessa "brincadeira", sempre haverá alguém muito melhor e um outro alguém muito pior do que você, não importa a sua posição. 

Há quem diga que o dinheiro não traz felicidade, mas para quem está na miséria, o dinheiro significa, saúde, educação, alimento, recursos fundamentais para sobrevivência em primeiro momento, a busca pela felicidade dessas pessoas ficam em segundo plano quando elas não tem nem o que comer. Entende que falar de felicidade muitas vezes é também um privilégio? Pois, você só tem tempo de pensar nisso se antes estiver bem nutrido, com saúde, a pirâmide de Maslow é bem clara nesse quesito.


Frase da criança da charge: " Esquece a Disneylândia... Eu quero ir pra esse lugar aí..."

Talvez você concorde comigo de que o Brasil tinha tudo pra ser um país bom pra se viver, visto que é um país com a maior diversidade de biomas, solos, com os mais ricos e vastos recursos naturais, de beleza natural clima agradável (pelo menos antes da poluição interferir no "rolê" climático e etc.) e já que houve tanta imigração de povos de todo canto do mundo cada um poderia contribuir com os conhecimentos de onde veio, claro que a diversidade cultural também é uma das riquezas do país, e que deveria então nos ensinar sobre o respeito ao diferente já que quase ninguém aqui é igual. No entanto, a história desse país é também manchada pela exploração de povos minoritários desde 1500 (não vou dizer desde o princípio, pois isso anularia mais ainda a validade histórica dos reais donos dessa terra que são os povos indígenas, vale ressaltar que o Brasil não foi descoberto, mas invadido), exploração, estupro, racismo, foi um país que teve sua civilização construída a partir do trabalho escravo, do trabalho de pessoas sem direitos, sem reconhecimento de humanidade, sem valor que não sua mão de obra forçada, e que até hoje respinga em pessoas que não tem a cor certa, a cor... Toda essa atrocidade da história é até hoje justificada pela cor da pele, e ai eu volto naquela questão do início, a serviço de quê está a razão da humanidade que justifica tamanho horror apenas pela cor da pele de uma pessoa? Ou ainda que justifica agredir, estuprar, matar, desacreditar, sobrecarregar alguém por ser, mulher. Uma sociedade que mata, ridiculariza, demoniza, alguém por sua orientação sexual. Ou ainda pela sua classe social. Vale lembrar que nenhuma dessas condições é de escolha da pessoa, ninguém escolhe, sua cor, seu gênero, sua orientação sexual, o local onde nasce, a família em que cresce, e ainda assim julgamos, culpamos e sentenciamos a morte uns aos outros apenas por aquilo que justamente não podemos escolher. 


Na camiseta do menino está escrito "ESCOLA"

A pobreza no Brasil é um projeto, esse projeto acontece no mundo todo, a Europa só é um continente de primeiro mundo porque explorou outros continentes, a ideia de globalização matou e mata diariamente outras formas de vida que não se assemelhe aos princípios europeus, o impacto disso reflete em várias camadas da história, da sociedade, da cultura e do comportamento de vários povos, a cultura ocidental tem um "Q" patriarcal que valoriza a razão, a filosofia, o saber, o pensamento crítico e lógico, não valoriza tanto as potencialidades e cuidados com o corpo como é comum no oriente que tem um "Q" mais matriarcal no sentido de cuidado e integração de corpo e mente, (e aqui você pode dizer, mas no Japão eles trabalham muito mais do que nós, na China também, pode até ser, mas daí o efeito da globalização, é como um vírus que se espalha rapidamente para todas as culturas) no ocidente o corpo é fonte de pecado, de prazer (onde o prazer também é uma forma de pecar), um mundo também ao mesmo tempo que platônico que valoriza as ideias, muito materialista ao meu entender, (a razão é sim importante, mas não só ela, o corpo também é importante, não podemos valorizar um e desvalorizar outro, somos seres integrados e complexos, a mente interfere no corpo, tal como o corpo interfere na mente), uma sociedade em que tudo bem você trabalhar até não dar mais, pois o importante é produzir, onde o tempo ocioso é visto como perda de tempo, coisa de preguiçoso, mas isso não é verdade, se até Deus descasou no 7º dia, por que você mero mortal não deveria descansar? Esses dias eu li uma frase que diz tudo sobre isso que era algo como "A sua produtividade está no tempo de descanso que você não se permite ter", hoje a procrastinação é mais um dos pecados, mas talvez só estamos procrastinando tanto porque não aguentamos mais só produzir para outros terem tempo de não fazer nada, se existe muito esforço de um lado certamente o outro lado não está fazendo a sua parte, dessa forma uma maioria é sobrecarregada, para que uma minoria fique tranquila, por isso é um projeto, por isso a educação do país é sucateada, não é interessante para esse projeto que as pessoas da base pensem muito sobre tudo isso, por isso não se tem condições dignas de viver para a maioria, porque você não vai querer pensar nesse projeto se estiver morrendo de fome. Esse projeto é tão perverso e tão bem arquitetado que agora começa a surgir uma possível resposta para a pergunta do pra quê nossa razão tem servido. 


Essa foto é do fotografo Kevin Carter, que foi vencedora do prêmio Pulitzer de Fotografia de 1994.  A foto em questão levou Carter a cometer suicídio.


 "Alguém aproximou-se de Jesus e disse: 
'Mestre, o que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?' Jesus respondeu: 'Por que tu me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se tu queres entrar na vida, observa os mandamentos.' O homem perguntou: 'Quais mandamentos?' Jesus respondeu: 'Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e ama teu próximo como a ti mesmo.' O jovem disse a Jesus: 'Tenho observado todas essas coisas. O que ainda me falta?' Jesus respondeu: 'Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me'. Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico."

Na história já passamos pelo âmbito de trabalho por meio da exploração, escravidão e agora vivemos a exclusão também, que é a dinâmica em que precisamos competir pela vagas de emprego, e que vença o melhor, isso promove uma competitividade exacerbada nas pessoas e reforça o individualismo de cada um, pois agora passamos a ver uns aos outros como rivais, e por que em um mundo nesse modelo alguém iria querer ajudar um rival? Competimos no vestibular, competimos nos concursos públicos, competimos pelas vagas de emprego, e até por papel higiênico como ocorreu no início da pandemia. 

O pobre não consegue avançar em direção de seus sonhos, pois as vezes nem há tempo para sonhar, talvez em muitos casos o sonho seja alcançar um prato de comida, ou ainda, acordar no dia seguinte, e a cada passo que as classes mais baixas dão à frente, a margem de sucesso, a linha de chegada é colocada mais distante, hoje o acesso ao ensino superior está um pouco mais amplo que outrora, no entanto, vemos que já não basta mais ter a formação se não houver vagas, então muitas pessoas saem do ensino superior não podendo exercer de fato a profissão pra qual estudou.


Um homem segura um diploma na sarjeta



Manuel Castells um sociólogo espanhol fala sobre a Dinâmica Social do Capitalismo, abordando temas como: As relações de distribuição/consumo que gera a desigualdade, a polarização entre ricos e pobres, a pobreza propriamente e a miséria. Também sobre as Relações de Produção: dos processos de individualização do trabalho, da super exploração dos trabalhadores, da exclusão social e da Integração Perversa.

Na obra de três volumes "Era de informação: Economia, Sociedade e Cultura" Manuel Castells (1998), cita um 4º mundo que seria o mundo dos excluídos, as pessoas deste 4º mundo para ter acesso a alguma renda, por não conseguirem condições dignas de emprego para ascender na sociedade precisam muitas vezes recorrer a meios ilegais para conseguir alguma renda, por meio do tráfico de drogas, compra de armamentos, contrabando de material radioativo, contrabando de órgãos humanos, contrabando de imigrantes ilegais, prostituição, jogos, extorsões, sequestros, etc. Além disso há uma estratégia de culpabilização que Robert Farr (1991) vai chamar de "individualização" do social, em que o individuo é ainda culpado por uma condição social adversa e injusta, ou seja, o pobre é culpado por ser pobre, o miserável é culpado por ser miserável e assim sucessivamente. Bem como também é comum que as pessoas ainda acreditem no mito da meritocracia, que diz que os mais ricos tem suas riquezas por mérito e esforço, sendo que muitos deles nunca lavaram um prato pra isso, muitos são herdeiros e certamente seus antepassados adquiriram riquezas a partir da exploração de outros. 

"A modernidade confinou-nos numa ética individualista... incapaz de conceber e nela incluir a responsabilidade da humanidade pelas consequências das ações coletivas ao nível da escala planetária". - Karl-Otto Apel (1984).


  • Manuel Cattels
  • Robert Farr
  • Karl-Otto Apel                       
Existem ainda os impactos psicológicos da pobreza na vida do indivíduo que foram abordadas em um vídeo do canal "Minutos Psíquicos" e que são interessantes contemplar neste texto: 

  • O impacto da pobreza pode atingir o sujeito antes mesmo dele nascer, quando mulheres grávidas estão expostas à poluição, má alimentação, isso implica consequências na formação e desenvolvimento do feto.
  • Na infância a desnutrição e a exposição à poluição pode comprometer o desenvolvimento cerebral da criança.
  • A ausência de ambientes estimulantes para criança desenvolver um vocabulário mais rico também compromete sua formação social.
  • A pobreza também impacta o planejamento financeiro das famílias, pois o indivíduo está constantemente preocupado com questões básicas que também podemos chamar de Humor Negativo e preza por resolver as coisas de imediato, não conseguindo assim, fazer planejamentos futuros, ou poupar, esse estresse constante também interfere em condições favoráveis para um bom planejamento, esse efeito chamamos de Sobrecarga Cognitiva.
  • Certamente a pobreza também compromete a saúde mental do sujeito de modo que a coisa vai se agravando conforme maior o nível de pobreza.
  • A pobreza também pode ser uma das causas de alguns transtornos mentais, visto que quando há medidas de combate a pobreza a taxa de transtornos mentais diminui.
  • Por conta do julgamento social, o a pessoa em situação de pobreza tem uma baixa autoeficácia, que diz respeito a crença de que o indivíduo tem de que pode alcançar seus objetivos, ou seja, a pessoa tende a ser menos ambiciosa e a persistir menos em seus objetivos e metas.
Aproveitando o tema do texto eu não poderia deixar de ressaltar o evento recente de veto à distribuição gratuita de absorventes no Brasil pelo presidente da república, decisão desumana e que não representa as necessidades do povo a quem deveria servir, isso é mais uma questão de saúde pública, mas não é de se surpreender com a decisão, visto que a gestão da pandemia que era e ainda é uma urgência de saúde pública foi feita tão porcamente no país e que matou milhares de pessoas. 


A natureza real do ser humano é colaborar, não competir, nos corrompemos ao longo da história, são tantos absurdos que acostumamos nossos olhos as injustiças, as crueldades, mal conseguimos digerir um absurdo já vem outro pra nos bombardear, fechar os olhos não ajuda em nada, mas eu entendo a necessidade de se poupar um pouco de tanto sadismo, precisamos parar de defender um sistema que nos mata todos os dias um pouco mais, devemos repensar nosso individualismo, porque como já dito antes nesse blog, somos um sistema, fazemos parte de um grande sistema, precisamos começar a contribuir mais, pois isso literalmente retorna para nós de alguma forma, o egoísmo de hoje será sentença de amanhã, pois você pode estar no mais alto escalão social, você vai precisar de alguém, pra limpar sua casa, levar sua comida ao supermercado, quem sabe até fazer suas compras, para cuidar de você quando estiver doente, e vale lembrar que passamos a vida acumulando coisas das quais não iremos levar para canto nenhum, visto que somos mortais, a vida é tão curta e preciosa para perder tempo ou até a vida inteira indo contra aquilo que nascemos para ser, ser rico tem que deixar de ser uma meta, talvez a meta devesse ser que todos tenham boa alimentação, acesso à educação de qualidade, condições dignas de trabalho, acesso a saúde gratuita de qualidade (o SUS é sensacional, mas precisa de muito mais investimento), que todos tenham possibilidade de moradia, acesso a lazer, esporte, segurança, enfim oportunidades básicas para alcançar o máximo de seu potencial humano.




Precisamos mudar esse quadro.

Lembrando que qualquer coisa que você quiser, acrescentar, contrapor ou mesmo discordar totalmente, sinta-se à vontade, os comentários estão a favor disso!

Referências, indicações e inspirações:

Vídeo: Os Impactos Psicológicos da Pobreza (Minutos Psiquícos): https://www.youtube.com/watch?v=9cyfdiSGGz8

Obra: Castells, M. (2002). A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura, Vol. I, A Sociedade em Rede. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Castells, M. (2003). A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. Vol. II, O Poder da Identidade. Lisboa: Fu.

Livro: As Artimanhas da Exclusão. Capítulo: Pressupostos Psicossociais da Exclusão: Competitividade e Culpabilização.


Matéria: https://www.terrasemmales.com.br/dia-do-fotografo-kevin-carter-o-abutre-e-a-crianca/

Bíblia Sagrada: Mateus 19:16-22








domingo, 8 de agosto de 2021

A Rede é Social Assim como o Quadro Negro é Verde


Hoje vou contar um pouco sobre como tenho me desenvolvido até aqui e como mais uma vez me vejo enganada e surpreendida com as façanhas da vida. Pode parecer um texto um pouco desconexo, mas tem o seu sentido.

Vamos começar dizendo que sempre fui uma criança recatada no sentido de que anulei boa parte da minha experiência infantil do que é esperado de uma criança na tentativa de cumprir tudo aquilo que me disseram que era o certo, eu não parava para pensar sobre o que diziam, apenas queria seguir o que era o certo para poder quem sabe, me sentir parte, me sentir aceita e principalmente amada. Conforme fui crescendo fui constatando algumas coisas que me frustraram muito, primeiro os adultos não tinham razão sobre tudo, segundo a maioria deles não seguiam aquilo que ensinavam, terceiro eu havia me sujeitado a uma vida até aquele momento em função do discurso alheio o que me acarretou uma série de sentimentos negativos que foram recalcados ao longo desses anos e agora com mais um plus de revolta e indignação. 

Diante da minha frustração escolhi me afastar das pessoas com as quais morava e moro até hoje e fui percebendo cedo demais que se eu não corresse atrás daquilo que eu queria ninguém mais iria, e no meio desse processo comecei a ter diversas experiências que foram cada vez mais me fazendo abrir os olhos sobre a realidade, porque até então havia (e talvez ainda haja) uma utopia de que todos seguissem todos os bons costumes que pregavam, que as boas ações fossem além do discurso, mas infelizmente a cada venda que era tirada eu via o quão injusto o mundo tem sido ao longo da história e ainda hoje, passam-se anos, gerações e a humanidade persiste em cometer os mesmos erros de maneiras diferentes, e com isso a revolta dentro de mim ia sendo alimentada. Acho que meu senso de justiça ficou mais aflorado quando me deparei com uma "vida" ou pelo menos a minha vida até aquele momento (adolescência) onde houve um esforço para cumprir todos os protocolos e a recompensa não veio e não só não veio como eu percebia que terceiros que não fizeram nada disso tinham tudo o que eu gostaria de ter, vi isso dentro da minha casa, foi e ainda é doloroso pra mim pensar sobre isso. 

Com tudo isso fui criando um olhar muito pessimista sobre a realidade, ao mesmo tempo, em muitos momentos me senti desamparada por aqueles que eu desde muito cedo procurei agradar e esperava que estivessem ali para me dar o apoio que todos encontram na família, como disse antes eu havia me afastado da mesma forma que eu havia me sujeitado antes a agradar os outros, perceba eu é quem me colocava nos papéis e esperava que o outro fizesse o que eu achava ser a parte dele, eu esperava que eles viessem atrás de mim e se reaproximassem, mas isso estava inconsciente, na minha consciência só constava a revolta e a desaprovação do que eu tinha constatado. Isso me fez trilhar um caminho muito solitário e até então eu me sentia muito sozinha e carente de afeto familiar, e talvez você também se sinta sozinho as vezes, incompreendido, sem um porto seguro. O problema em si nem são os problemas que se encontra no mundo lá fora, mas talvez seja chegar em casa e não ter pra quem contar, ter alguém que te ouça, que te ajude a pensar, ou mesmo que te de um abraço e diga que está lá pra você se quiser apenas, chorar. Mas em contrapartida também pude conhecer pessoas fora de casa que me proporcionaram esse sentimento de pertencimento, que me estenderam a mão e me ensinaram que nem sempre o socorro vem da onde a gente espera.

Pode parecer que eu moro com um bando de insensíveis, mas não é verdade, afinal estou retratando as coisas da minha perspectiva e apenas da minha, e pra uma história ser completa é preciso considerar as perspectivas de todos, porque em uma história mal contada, inocente vira vilão. Nesse ponto preciso reconhecer minha falha também de não dar abertura para diálogo, talvez assim eu soubesse as motivações deles de não cumprirem minhas expectativas e talvez pudesse compartilhar com vocês, mas não é bem esse o objetivo deste texto, convenhamos que isso já está quase virando uma autobiografia, mas já vou chegar no "x"da questão.

Com tudo isso eu apenas queria mostrar um pouco do meu processo de solidão, e apesar de hoje parecer que nas redes sociais o mundo está todo conectado, me parece que é apenas uma maquiagem para esconder justamente o oposto que é a nossa realidade, como se a internet tivesse se tornado um mundo paralelo que é tão feliz que estamos viciados, e é de fato uma droga que só estimula aquilo que ajuda a nos adoecer mais e mais, a internet promove muita insatisfação pessoal, porque agora você não só se compara com o seu vizinho, mas agora você pode se comparar com as grandes celebridades e com gente que era comum e hoje é uma sensação no Tik Tok, a internet faz parecer que pra você ter relevância você precisa se destacar, ganhar dinheiro com a sua notoriedade e consumir, e parece até que esse é o segredo da felicidade, mas acho que é bem o oposto se pensarmos que na internet o tempo passa bem, mas bem mais rápido e o que ontem era tendência hoje já está ultrapassado e os criadores de conteúdo tem que se reinventar a cada instante, ou será que não? Porque se você acompanhar os Reels do Instagram ou mesmo os vídeos de Tik Tok, pode perceber que tem milhares de vídeos com  o mesmo conteúdo, alguém lança uma trend e todo o resto copia, e nós consumimos todos como se fosse novidade até que seja lançada uma nova trend, não vejo problema no entretenimento da internet, mas percebe, que hoje a sociedade valoriza muito mais quem produz entretenimento do que quem realmente contribui para a coletividade e para questões mais urgentes da sociedade? Talvez o novo dinheiro não seja mais o espécime, mas as curtidas e seguidores, ao final das últimas edições de Big Brother Brasil e até das Olimpíadas, alguns sites de notícia ou influencers divulgaram quantos seguidores cada participante do reality e jogos ganharam ou perderam nas Redes Sociais. Até a mídia tradicional precisou migrar e se adaptar aos novos meios de comunicação. 

Mas se agora todos tem acesso à todos na palma da mão, porque nos sentimos tão solitários e insatisfeitos? Bem vou contar um segredo pra vocês, meus caros, tudo isso que nos contam, divulgam como felicidade e buscamos incessantemente é uma grande mentira, é só mais uma mentira de adulto daquelas que eu ouvia quando era criança e que quando cresci vi que nada daquilo era como era, estamos passando pela mesma situação, mas agora já somos adultos, então vamos pensar de acordo, já passou da hora de deixar de acreditar nesses contos de fada, Platão nunca esteve tão atual com o mito da caverna. 

Vamos falar de economia, que foi nos últimos tempos, tema de maior desespero para a maioria dos magnatas e até para a base, quando esta foi ameaçada por um vírus que se espalhou pelo mundo inteiro, afinal porque a economia é tão importante? Ela nada mais é que o maior filho do capitalismo, fruto do sistema, e sem ela o sistema não gira, não segue seu curso, não deveria ser novidade pra ninguém que o capitalismo produz uma tara pelo consumismo desenfreado e isso acarreta exploração exacerbada de matérias primas e portanto da natureza, no capitalismo tudo é motivo para consumo, e isso caminha a passos largos para um colapso no sistema, mas não o capitalista, mas o biológico mesmo, do qual todos nós fazemos parte. É como um suicídio em massa, primeiro estamos matando a alma e em seguida o corpo, nossa existência.

 Veja, não precisamos de grandes mansões, carros do ano, celulares com a câmera mais nítida, ou mesmo fazer procedimentos estéticos, para sermos felizes, na verdade a felicidade genuína se encontra em coisas muito mais simples, perceba que existe algo em nós que temos alimentado muito pouco, mas que verdadeiramente nos leva ao caminho da felicidade que é a união, o senso de coletividade, a empatia, a igualdade, não precisamos competir uns com os outros, pois talvez a maior vitória seja ter a oportunidade de ajudar outra pessoa, somos um sistema, uma rede onde todos estão conectados e não digo agora virtualmente, seria engraçado se não fosse trágico que as redes sociais mais nos desconectam do que conectam quando estas mais produzem competitividade, sobretudo se pensarmos que existe uma conexão muito mais genuína no contato real entre as pessoas.

Se a gente parar para pensar um pouco sobre a Pandemia, ela tem seu lado reflexivo, ela nos mostrou que as Redes Sociais não bastam e que precisamos valorizar muito mais as oportunidades de contato físico, os encontros, as risadas, as conversas, os abraços, os apertos de mão, os beijinhos no rosto; A experiência é muito melhor quando vivida do que assistida, lembra quando nos shows as pessoas passaram a se preocupar mais em filmar o evento do que propriamente viver ele? Pois bem, na pandemia houveram muitos eventos online por meio de lives, e podemos concordar que o presencial é muito melhor; Na hora do vamos ver quem realmente se mostrou importante para toda a humanidade foram os profissionais da saúde, os pesquisadores, então eles é que deveriam ter maior reconhecimento, sobretudo no Brasil que tende a valorizar mais celebridades (claro que todo artista tem o seu valor por seu talento e habilidade, mas existem outros meios de contribuição humana que devem ter seu devido reconhecimento), muitas pessoas prestaram lindas homenagens aos profissionais de saúde, mas além de homenagear seria de bom tom que o Estado investisse muito mais verbas para as pesquisas, para as faculdades, para os professores, para a educação, para a saúde, dando melhores condições de trabalho para áreas tão importantes como essas.

Se a gente estivesse seguindo mesmo o caminho certo nosso índice de transtornos ansiosos e depressivos não estariam tão altos nessa geração, nossos antepassados também passaram por maus bocados, mas veja, apesar de tudo tinham mais qualidade das experiências, conviviam muito mais como comunidade e menos como indivíduo, hoje parece o contrário, apesar dos lindos discursos que publicamos a torta e à direita nas Redes Sociais, estamos cada vez mais individualistas e isso vai na contramão da essência humana, estamos tristes porque estamos retrocedendo acreditando que estamos progredindo, o único progresso nisso é para o adoecimento em massa.

Não precisamos competir, somos todos iguais e diferentes, precisamos das mesmas coisas, todos têm a capacidade de contribuir de alguma forma e toda forma de contribuição é válida, poderíamos estar usando nossos talentos para que todos se beneficiassem, mas geralmente ajudamos uma minoria a ficar cada vez mais rica enquanto outros ficam cada vez mais miseráveis, esse é o verdadeiro mau das sociedades atuais, é a uma doença que vem se espalhando desde que a Europa decidiu colonizar outras terras, muitas culturas foram demonizadas nesse processo, muitos modos de se organizar que eram muito  mais condizentes com a nossa natureza real enquanto ser foram desaparecendo. A verdadeira selvageria é esta, o egoísmo de querer tudo para si enquanto seu irmão padece na esquina, as tribos antigas e as poucas que ainda resistem são, de fato, muito mais civilizadas. Quando finalmente entendermos que sem o outro não somos nós mesmos e que sem nós o outro não é ele, talvez possamos caminhar verdadeiramente para um estado de felicidade mutua, pois estamos todos ligados, uns com os outros, com os animais, com as plantas, o sistema natural entra em colapso na ausência de um integrante, a parte influencia o todo e o todo influencia a parte, e a Gestalt vai nos dizer que "O todo é maior do que a soma das partes que o constituem" no sentido de que as notas de um piano isoladas (partes) mesmo juntas não fazem o todo, é preciso uma harmonia entre as partes para que haja uma bela música a que se possa apreciar (todo). Eis aqui a sua importância e eis aqui a importância do outro, isso é sobre todos nós, isso é sobre a importância daqueles que refletem a podridão da sociedade a qual se esforça para invisibilizar, mas não deveria ser normal ver pessoas dormindo nas ruas enquanto outros tem camas Queen e King e acharmos isso normal, mas como o medo é a melhor forma de controle de massa, somos movidos pelo constante medo de estar no lugar do morador de rua e nos esforçamos ao máximo para ficar cada vez mais longe da base, mas sem base todo o resto desmorona. 

Nunca estamos sozinhos, porque estamos todos conectados, só precisamos nos lembrar disso.

Lembrando que qualquer coisa que você quiser, acrescentar, contrapor ou mesmo discordar totalmente, sinta-se à vontade, os comentários estão a favor disso!

Referências, indicações e inspirações:

Documentário:  I Am - Você tem o poder de mudar o mundo (Netflix - 2011).

Documentário: O Dilema das Redes (Netflix - 2020).

Filme: O Poço (Netflix - 2019).

Filme: Clube de Gênios: https://www.youtube.com/watch?v=7SWXA8HolCU (é só copiar o link e colar na barra de pesquisa do Google que já será direcionado(a) ao filme).

terça-feira, 27 de julho de 2021

Uma Segunda Chance

 


Eu posso dizer que pelo menos nos últimos anos tenho me considerado uma pessoa pessimista, e ninguém gosta muito dos pessimistas, né? Mas muito que bem, essa característica me faz não só esperar o pior das situações, mas em muitas vezes focar mais nos problemas do que nas coisas boas e isso contribui também para que eu me sinta muito miserável a maior parte do tempo, pois, é aquela frase "Quem não sabe enxergar o que tem vive como se não tivesse nada" (Autor Desconhecido), e por vezes eu cometo erros por justamente apenas focar nos erros, meus e alheios, e quando eu reconheço que errei o que mais fica latente é o auto-julgamento encima daquele erro, não preciso nem dizer que isso gera um baita remorso e tudo isso não faz nada bem pra saúde, (Se persistirem os sintomas, o psicólogo deverá ser consultado - Risos). 

Mas eu curso Psicologia e por isso também tenho muita fé nas mudanças das pessoas, nas chances de melhora e até mesmo sei reconhecer que nenhum ato humano é isolado, geralmente tem justificativa ou mesmo mais de um fator envolvido que vai além da intencionalidade, e é sabido que "todo mundo erra" ou que "errar é humano" e isso é bem verdade e se todo mundo sabe que todo mundo erra, por que será que as vezes é tão difícil lidar com os erros, bem na verdade tem aqueles tem mais facilidade em lidar com os erros alheios e consegue perdoar com mais facilidade que outros, mas a grande maioria de nós adora fazer um bom julgamento, principalmente dos outros porque podemos achar que só porque não cometemos tal erro (naquele momento) somos superiores já que temos a razão, bom esse assunto nos levas a algumas pautas interessantes de se pensar como, razão; moral; certo e errado; bom e mal. Toda sociedade tem sua moral que é de conhecimento dos seus integrantes, vamos dizer que esse código moral pode variar dependendo da cultura e época, uma coisa que no Brasil pode ser visto como uma gentileza, no Japão pode ser uma ofensa, muito bem, mas embora existam essas variações, eu penso, será que não tem algumas coisas que são universais se pensarmos no que é certo ou no que é errado? Por exemplo, o senso de justiça, até uma criança que ainda não aprendeu muito bem as normas morais da sociedade onde habita se sente incomodada quando exposta a uma situação injusta (haverá o link de um vídeo demonstrativo nas referências, indicações e inspirações logo abaixo), 

Falando de entretenimento audiovisual, por que será que sentimos apreço mais por um personagem do que por outro? Já aconteceu com você se estar assistindo a um filme, novela, série, anime, etc. e você está simpatizando com um personagem por ele ser vitima e de repente há uma reviravolta no enredo e a vítima se torna vilão e então você passa a simpatizar mais com quem antes era o vilão? (Espero que isso não tenha ficado confuso). Muitas vezes o vilão não tem nem chance de contar sua história, o que será que o levou a ser vilão? Na perspectiva do primeiro filme da Bela Adormecida, Malévola era uma vilã egoísta, alguns bons anos depois a Disney decidiu contar a história da perspectiva da Malévola, ela conta sua história e passamos a simpatizar com quem antes era a vilã que torcíamos para ter um final infeliz.

O que é a justiça se não o sentido meritocrático de fazer por merecer, seja pro bem ou pro mal, se você foi mau é punido, se foi bom ou se esforçou é recompensado (o duro é que esse ser bom ou mau varia com o tempo e a lista só aumenta). Mas uma coisa é certa, tendemos a ter satisfação na justiça, e que bom que existe esse senso de justiça e que é apreciado.

Mas mais nobre que a justiça talvez seja o perdão, porque a justiça é mais fácil de ser aplicada que o perdão, sentimos sede de justiça, mas e de perdoar? Perdoar é mais difícil, porque vai um pouco na contra mão da justiça no sentido de, não dar aquele que errou o que seria "merecido", é praticamente como abrir mão da sua justiça para poupar alguém, e isso é bem nobre e poucos conseguem realmente agir com tamanha nobreza, afinal muitos vão chamar aquele que perdoa de "trouxa" ou "inocente", mas eu digo que isso também é humildade, humildade talvez em reconhecer que também erra, e que amanhã pode cometer um erro parecido ou pior e que mais tarde será ele quem precisará do perdão de alguém. Além do que o perdão talvez promova benefícios para saúde no sentido de você não remoer aquilo, vai por mim, posso dizer com propriedade que o remorso faz um mal danado e não pra quem errou, mas pra você mesmo.  

Vocês acharam mesmo que eu não ia falar dele? Jesus é uma boa representação de elegância e nobreza nas atitudes, e não no sentido soberbo das palavras, mas no sentido da riqueza da verdadeira bondade, ele muito embora não tenha cometido erros, e poderia apontar o dedo pra qualquer um, perdoou, ensinou a perdoarmos uns aos outros, não bastasse isso, serviu aos errantes, e ainda morreu por eles, pois via em todos eles ou melhor dizendo, em todos nós, um valor inestimável, você consegue reconhecer o valor da sua vida? Ele certamente reconhecia e não deveria ser algo muito chinfrim porque ele achou que valia a própria vida perfeita e imaculada dele, e não só a sua, mas também daquele que errou com você, é o famoso "tapa na cara da sociedade".

É doido, mas se você parar para reparar a gente vive transitando pelos tribunais da vida variando os papéis, hora somos juízes, hora somos vítimas, hora somos réu, hora somos júri, mas esquecemos dessas transições e já comentei em textos anteriores que não é porque o erro do outro é diferente do seu que você é melhor, só é diferente, ou mesmo muitas vezes você só não teve o contexto para cometer o mesmo erro que a pessoa, ninguém cometeria uma atrocidade até talvez ver seu filho sendo espancado/estuprado na sua frente, é só um exemplo. 

Assim como perdoar, ouvir a versão do culpado também é difícil muitas vezes, e é tão importante que se ouça a versão do outro até mesmo para entender um pouco melhor a situação e não fazer um mal julgamento, até no tribunal ambas as partes são ouvidas, nenhum fato é isolado, sempre tem mais coisas envolvidas conscientes e/ou inconscientes (seu Freud manda aquele abraço), porque nossa consciência não é tão dona do "rolê" quanto a gente pensa.

E ai? Você é um pessoa que perdoa fácil ou fica remoendo o erro do outro? 
(Se você tem dificuldade em perdoar, não se sinta culpado(a) ou inferior, tudo bem, tudo pode ser trabalhado, o ser humano sempre pode melhorar e acreditar na melhora talvez seja um dos passos para ajudar no processo do perdão). 

Lembrando que qualquer coisa que você quiser, acrescentar, contrapor ou mesmo discordar totalmente, sinta-se à vontade, os comentários estão a favor disso!

Referências, indicações e inspirações:

Vídeo - A Percepção da Injustiça Pelas Crianças: https://www.youtube.com/watch?v=PRAz9HrEK1c

Filme - A Cabana: https://www.youtube.com/watch?v=h19b7gD6YA8

Filme: Malévola

Bíblia Sagrada: 
Salmos 86:5, diz: "Tu és bondoso e perdoador, Senhor, rico em graça para com todos os que te invocam".

Mateus 11:25-26, diz: Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?" Jesus respondeu: "Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete".

Lucas 17:3-4, diz: Tomem cuidado.
"Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele arrepender, perdoa-lhe. Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: 'Estou arrependido", perdoe-lhe".

Colossenses 3:13, diz: "Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou".

 Efésios 4:32, diz: "Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo".

Lucas 6:37, diz: "Não julguem e vocês não serão julgados. Não condenem e não serão condenados. Perdoem e serão perdoados".

OBS: Como alguns leitores podem encarar isso como pregação religiosa, vamos esclarecer os fatos, não é, se trata apenas de uma reflexão que você pode ou não concordar.


domingo, 27 de junho de 2021

A Esperança é a Primeira que Morre

 


Como é possível ter esperança hoje em dia? Você tem esperança de dias melhores? Ela está a serviço de quê, afinal? Um dia pode ter até sido que a esperança servisse como princípio de mudança, quando as pessoas não tinham tanto medo de enfrentar as lutas que estavam postas, que até estavam dispostas a morrer por um propósito, por uma revolução. Quantas pessoas não morreram ao longo da história para se ter o que hoje chamamos de Democracia, Direitos Civis, Direitos Humanos? Você por acaso já leu a Constituição Brasileira de 1988? Sabe quais são os seus direitos? E os direitos do seu vizinho? Você se importa? 

E hoje o que vemos é que temos um desequilibrado, autoritário, arrogante, racista, sexista, que defende a tortura e ainda genocida ocupando o cargo de presidência desse país, é triste, é muito triste ver que tem pessoas que apoiam os discursos absurdos que são feitos, ou por ignorância ou por identificação e estou para dizer que a maioria é por identificação, o que só mostra o quão cruel podem ser as pessoas, pessoas ditas de bem, pessoas que estão ai livres, muitas vezes que tem condições de ter qualidade de vida, acesso a informação, estudo, sim a massa é alienada, mas o mais assustador é ver que mesmo com as provas escancaradas pra todo mundo ver, de descaso, de piada, de brincadeirinha em meio a um cenário de morte em massa, um cenário pandêmico, onde muitas famílias tiveram e ainda têm perdas terríveis, existem pessoas que defendem esse desgoverno, mas se pensarmos que Hitler também tinha muitos apoiadores, bem como uma série de outros crápulas espalhados ao longo da história, talvez isso não seja nenhuma novidade, mas não dá pra se acostumar com tamanha crueldade. Quem escreveu que o poder emanava do povo vivia num universo paralelo, ou em um estado de utopia porque o povo é motivo de chacota para quem realmente gerencia o andar da carruagem. 

É temos uma linda constituição de papel, todo mundo sabe que um livro fechado por mais rico que seja de nada serve, de nada vale se não for aberto, lido, absorvido, e provoque mudança, isso também serve para uma constituição.  "Mas Jamile, o povo exerce seu poder através do voto", sim, com certeza, mas que chances temos, mesmo, de ter alguém que faça jus as necessidades desse povo, quando o próprio povo em sua maioria não pesquisa sobre seus candidatos, eu já trabalhei mais de uma vez como mesária nas eleições e tem cidadão que vai ver na hora da votação em quem vai votar, como se fosse algo sem importância, mas isso é fruto da alienação. 

Se a gente olhar para a base, quem é que a representa? Praticamente ninguém e quando tem alguém acaba morrendo como aconteceu com a Marielle Franco, estranho, né? Você já parou para pensar como é na cabeça de uma criança periférica que vê o dono do morro ou um traficante sempre com tênis de marca, que vez ou outra dá uma bola para ela, que fala bom dia, e  ai vê também os policiais que muitas vezes chegam em operações violentas, atirando para matar, tratando qualquer um ali como menos que criminoso, porque mesmo o criminoso tem direito a vida e a defesa e julgamento justo, caso haja acusação, muitos ali não têm nem chance, e muitas vezes nem eram criminosos e levam pena de morte, por sua cor e seu CEP. Então a criança vê essas duas figuras, quem você acha que vai ser o herói dela? E se ela quiser ser igual ao traficante? A culpa é dela? "Ah, mas todo mundo tem escolha", por favor, não venha com essa, quem tem escolha é filhinho de papai que pode escolher se vai pra USP ou pra Unicamp, que sempre estudou em escola particular, que não precisa se preocupar em trabalhar cedo para ajudar no sustento da família, que tem quem leve e busque no colégio, que pode dormir tranquilo a noite e ter acesso aos melhores materiais, esse sim tem escolha. "Ah, mas você está defendendo bandido", primeiro que o bandido também é gente e não merece ser tratado como a sociedade o trata, segundo que muitas vezes os tais bandidos são vitimas da sociedade e têm muito de seus direitos privados antes de chegar a cometer os crimes, e se essa sociedade é tão contra bandido assim, por que o tratamento com político corrupto é diferente de quando a operação é na periferia? Porque uns tem direito a julgamento e outros já tem a mira na cabeça?  Esse é o problema do cidadão de bem que é contra bandidagem, ele só vê bandido na favela, como se a elite brasileira não fosse nem um pouco corrupta, e eu digo a vocês que eu vejo mais valor em que rouba para sobreviver do que quem já tem tanto e quer sempre mais as custas do trabalhador brasileiro.  A diferença é que a elite tem passe livre para ser corrupta, o pobre não, porque eu não sei se você sabe, mas todos nós somos corruptos de alguma forma, se você estaciona o carro na vaga de deficiente, você é corrupto, se você fura a fila, se você dá uma de "esperto", e se você é brasileiro você sabe bem qual é o sentido do nosso "jeitinho brasileiro", então não se ache superior porque o erro do outro é diferente do seu, hipócrita!

Não seria interessante se nas escolas públicas houvesse uma disciplina sobre Política, onde os alunos aprenderiam sobre qual a função de cada cargo político, como funcionam e se relacionam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o que acarreta impeachment a um cargo, também poderiam ser trabalhados os requisitos para se ocupar determinados cargos, o poder do voto, a responsabilidade que cada cidadão deveria ter ao escolher seus candidatos e cobrar que o que é prometido em campanha seja cumprido caso o candidato seja eleito, fazer entender que não somos nós que estamos a serviço dos políticos, mas eles é que deveriam estar a nosso serviço, que não tem cabimento o salário mínimo ser R$1.100,00, valor que muitas vezes não dá conta de proporcionar todos os direitos previstos na própria constituição do país, sendo que os cargos de poder recebem valores exorbitantes e esse valor pode aumentar conforme as regalias do cargo, e já que quem ocupa o cargo recebe tão bem assim, é bom que faça um bom trabalho, porque nesse país a base dá muito mais duro no que se propõe a fazer do que quem está no topo que só quer saber do que o "Naro" vai chamar de "Mamata" (que por sinal ele disse que ia acabar com a mesma, mas acho que se perdeu no personagem ao longo da trama). Mas veja, isso não é interessante para os políticos, porque o conhecimento da massa é uma ameaça às suas regalias, e esse conhecimento poderia até gerar revolta e uma massa revoltada, bom, pode gerar um colapso no sistema e ai entramos em um ponto interessante, você estaria disposto a encarar o colapso do sistema?

O sistema só dá certo e ainda não quebrou, porque nós também sentimos que precisamos dele, e ele próprio faz com que precisemos mesmo dele, além do que a geração atual é muito mais acomodada e também não quer abrir mão das suas pequenas regalias de que uns podem chamar de "zona de conforto" e ai meus caros, vocês começam a perceber o quão ardiloso é o sistema? Outra artimanha que já é até um pouco antiga é a "dividir para conquistar", você também já deve ter percebido que a população anda meio dividida entre coxinhas e mortadelas, né? E uma população dividida não se ajuda, e a gente é bem individualista, não? Sendo assim, os políticos vão continuar deitando e rolando na nossa cara e ainda vai ter gente que vai aplaudir (ainda mais aqueles que tem político de estimação), entendam de uma vez por todas, não é você que tem que defender político na mesa do almoço de domingo, ou nas redes sociais, são ELES é que tem que defender os NOSSOS direitos e interesses. 

Então pensa com carinho a próxima vez que for querer "babar ovo" de político seja ele quem for, e se ele faz um bom trabalho é o famoso, "não faz mais que a obrigação".

Lembrando que qualquer coisa que você quiser, acrescentar, contrapor ou mesmo discordar totalmente, sinta-se à vontade, os comentários estão a favor disso!

Referências, indicações e inspirações:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988):
https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_1_.asp

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

DIREITOS HUMANOS:
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos

DIREITOS CIVIS:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0592.htm








Lua

Você é a mais bela, linda e perfeita obra prima que habita o céu, todas as suas fases, seus ciclos me fazem lembrar dos meus, às vezes você ...