terça-feira, 4 de maio de 2021

E Viveram Felizes Para Sempre?


Você quer ser feliz? Talvez possamos considerar essa uma pergunta retórica, afinal quem é que não quer ser feliz? Talvez a nossa existência se resuma a isso, alcançar a felicidade, e aqui vale pontuar que o que é felicidade pra mim pode não ser felicidade pra você e vice-versa. Muito embora a felicidade devesse ser algo subjetivo para cada pessoa, a mídia e o nosso querido sistema (aqui já muito criticado), insistem em nos prometer a felicidade nas pequenas e grandes coisas, através ou da sua produção ou do seu consumo, quer ser feliz? Ora, estude bastante, pois assim você terá o emprego dos sonhos e com uma super remuneração e reconhecimento no mercado (felicidade pela produção). Você está triste? Mas isso é porque você não tomou o refrigerante X que é super saboroso e refrescante (felicidade pelo consumo), e a felicidade pelo consumo é tão engraçada que todo e qualquer comercial vai fazer parecer que a pessoa que consome o tal produto vive em um mundo paralelo, olha as mulheres nos comerciais de absorvente, eu nem preciso falar mais nada né? "Ai, Jamile, mas é marketing, o comercial tem o papel de atrair o cliente", ok ok, mas a realidade é que esse mundinho de fantasia nos torna compulsivos por consumo desenfreado, veja, é um ciclo onde não somos felizes, e consumimos para ser feliz, e isso não gera felicidade, mas algo sempre nos diz que se comprarmos o próximo produto ai sim seremos felizes, ai pode até ser que por um curto período de tempo fiquemos alegres pelo produto, mas logo aquilo se torna casual, banal na nossa vida, de certa forma isso é o que nos mantém em movimento na vida, a frustração, o tédio, o descontentamento, a infelicidade, nos movem para que busquemos uma mudança de estado e isso pode ser através de uma compra, a mudança de um estilo de vida whatever (tanto faz), então nesse sentido a infelicidade é um indicativo de que há a necessidade de uma mudança pra nossa vida, pois a infelicidade é nossa, e ai meus amigos entra o querido, o lindo do autoconhecimento, que será necessário para você saber o que vai TE fazer FELIZ, porque cai pra nós que existe um padrão de vida idealizado por no nosso imaginário coletivo do que é ser feliz que geralmente está atrelado a ser bem sucedido que está atrelado a ter posse de bens e poder financeiro, e não vou muito longe pra dizer que isso não é felicidade genuína e nem faz muito bem, dê a uma criança (ser humaninho em formação) tudo o que ela quer e veja o resultado a longo prazo, logo de tanto tudo ter nada mais vai ser especial, então tudo perde o valor e o que acontece com a gente quando tudo que nos disseram que nos faria feliz perde o valor? Eu não gostaria de ficar pra descobrir...
Vocês devem conhecer aquela história do "E viveram felizes para sempre", né? Contos de fadas geralmente caminham pra esse fim, ah, que bom seria não é, viver um felizes para sempre, mas será que ele realmente existe? Vejamos, nos contos de fada, geralmente quando se trata da história de uma donzela, princesa, moça qualquer a felicidade eterna se resumia em se casar com o príncipe encantado, aquela coisa do machismo que a gente já conhece, como se a vida da mulher se resumisse ao matrimônio e cuidado do marido e filhos, enfim não vamos entrar nesse mérito, mas uma sacada interessante da Disney foi dar sequência a alguns filmes de contos de fada, como o da Cinderella, por exemplo, e nas sequências podemos ver um pouco que talvez o casamento seria o começo de uma história e não o final, e ai os "felizes para sempre" vai pros cafundós, ou talvez não...
Afinal o que entendemos por felicidade? Será que a felicidade é a ausência de tristeza, frustração, desafios? A princípio parece que sim né? Felicidade/Tristeza parecem opostos, mas veja que interessante, um não existe sem o outro, se não conhecêssemos a tristeza não teríamos ideia do que é a felicidade ou pelo menos não daríamos valor a ela, e vocês já devem, a essa altura ter pensado o que acontece quando a gente não dá valor pra alguma coisa né? Aquilo perde o sentido, e imagine só perder o sentido da felicidade... Que doidera né?  Precisamos da frustração, dos dias ruins, para valorizar os bons e só assim eles se tornam melhores, talvez ser feliz seja justamente superar os desafios da vida, viver as dificuldades para um dia olhar pra trás e poder sentir a satisfação de ter superado aquilo e quando estiver tudo bem novamente valorizar, e além disso ver a sua própria evolução enquanto ser, pois superar desafios é crescer, é clichê, mas "aquilo que não te mata, te fortalece". 
Reflita sobre o que te faz feliz, pense sobre suas expectativas de futuro e muuuuito cuidado com elas, para não depositar demais um conceito fantasioso de resolução de todos os seus problemas ou vida perfeita em uma coisa que você ainda não experimentou, seja um casamento, a conclusão de uma faculdade, entrar em um emprego ou mesmo ter um filho, mesmo que todas essas coisas possam ser de fato maravilhosas, tudo tem dois lados, e geralmente só consideramos os lados bons, afinal é dai que tiramos motivação para ir atrás dos nossos sonhos, e tudo bem, mas cuidado para não fantasiar de mais e quando se deparar com a realidade a frustração ser grande de mais e te desmotivar a ponto de não ter mais vontade de correr atrás de mais nada, ou ficar com medo de seguir em frente para o próximo objetivo, e sim, pode acontecer de você achar que era algo que fazia sentido para você e depois chegando lá ver que não faz, tudo bem, pelo menos você não ficou no campo da imaginação e testou, não deu certo, para, reanalisa e bora pro próximo, isso também faz parte de se conhecer, também existem fases da vida nas quais mudamos, e às vezes quem fez o planejamento já não é mais a mesma pessoa que está realizando, às vezes você mudou no percurso, por isso é interessante sempre repensar se aquilo ainda faz sentido pra você.

Para concluir essa reflexão vou recomendar fortemente que quem puder, assista o filme Soul da Disney, essa história trata exatamente de alguns pontos que abordei aqui, mas com o requinte da Disney né? (Risos). 
 


 

Um comentário:

  1. Costumo assimilar felicidade a realizações, sejam elas palpáveis ou não.

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