segunda-feira, 2 de maio de 2022

Seja um Bom Anfitrião

 


Quem dera se a tristeza fosse tão breve como é a alegria, não é mesmo? Bom, talvez a tristeza se demore mais na sua estadia, porque não lhe damos ouvido como fazemos com a alegria. Quando a alegria chega, corremos abrir-lhe a porta, passamos-lhe um café, que servimos na melhor xícara, sentamos e a ouvimos atentamente, quando damo-nos conta, já é tarde da noite e ela diz: "Preciso ir, já é tarde", e insistimos em responder-lhe: "não vá ainda, pois é tão cedo.", ainda assim ela agradece e se vai. No entanto, quando a tristeza nos chama no portão, tendemos fingir não estar em casa, fechamos as cortinas, e ficamos em completo silêncio, quem sabe assim ela não vá embora, e algumas vezes ela vai mesmo, mas não tarda a voltar, bate na porta, grita por nós, e mesmo quando abrimos não a convidamos para entrar, queremos uma conversa breve na porta mesmo, "diga logo o que você quer, pois tenho pressa", dizemos e mal ela começa a falar, a cortamos e nos apressamos a fechar a porta, o problema é que ela nunca consegue terminar sua fala, e sempre precisa retornar na tentativa de passar a mensagem.

A alegria pode parecer demorar a voltar, afinal a recebemos tão bem que ela já nos disse tudo que lhe cabia, talvez demore até que tenha novidades, daí morremos de saudade, ligamos atrás dela, "onde anda você?" e tentamos marcar um encontro como fazem os amigos de longa data, mas é sempre muito difícil, afinal a alegria está sempre ocupada, pois é muito requisitada, já a tristeza está sempre com tempo livre para nos fazer uma visita, se bobear, ela está na sua porta, esperando que você a convide para entrar e tomar um café. 

Talvez a tristeza também seja triste, pois é tão rejeitada, poucas vezes ouvida, como deve ser a vida da tristeza que já é tão triste? Quem sabe ela não venha a se alegrar se a convidarmos para entrar, lhe servir um café em nossa melhor xícara e ouvir o que ela tem a nos dizer? Afinal nem bem a conhecemos, muitas vezes quando ela entra em nossas vidas sem ser convidada e invade nossa morada, apenas sentamos ao seu lado e ficamos ambos em silêncio, nós e a tristeza, se ela tenta falar, tapamos os ouvidos, não nos interessa. Além disso, não nos é recomendado ouvi-la, sempre que passa alguém do lado de fora da nossa morada e vê a tristeza pela a janela, grita, "não dê ouvidos a tristeza!", "mande-a embora!", ninguém gosta de quem recebe bem a tristeza, mas gostando ou não, ela sempre haverá de bater a porta, então, quando virmos a tristeza pela janela da morada de alguém, que tal lhe perguntarmos, "o que ela te disse?"?

Fim.

Obrigada pela leitura! Se quiser, pode me contar o que achou nos comentários.


Nenhum comentário:

Postar um comentário