domingo, 31 de janeiro de 2021

A Sociedade do Espetáculo


Se eu te perguntasse se você é uma pessoa verdadeiramente feliz, qual seria a sua resposta? Ou melhor se eu afirmasse pra você que você é uma pessoa feliz, você poderia me perguntar, baseado em quê eu conclui essa afirmação, e eu poderia te responder "no seu feed do Instagram". Parece um pouco ilógico, não é? Porque no fundo você pode pensar, "mas o feed do meu Instagram não corresponde a 100% da minha realidade", e de fato não corresponde, mas veja, o feed de um Instagram hoje corresponde a quantos por cento da realidade da vida do usuário? Provavelmente muito pouco para usarmos como parâmetro para definir se uma pessoa é feliz ou não. 

E pode haver quem diga, "mas Jamile a pessoa sempre posta fotos sorrindo, em lugares incríveis, está sempre bonita, etc., Como uma pessoa dessas não é feliz?" Todo mundo deve saber que no Instagram as pessoas só postam a parte boa de seus momentos, e sim, pode ser que a pessoa esteja de fato em uma praia em Maldivas e esteja muito feliz, e que tenha um corpo dentro do padrão na foto de biquíni e tudo mais, sim isso pode ser real, mas a vida de ninguém se resume a uma foto, afinal o que é uma foto se não a captura de um milésimo de segundo, uma fração muito minúscula do tempo de uma vida? As vezes logo depois daquela foto linda que você viu no Instagram a pessoa brigou com o parceiro(a) amoroso(a), ou teve uma dor de barriga, ou naquele mesmo dia teve uma crise de ansiedade, ou mesmo o dia dela realmente foi muito bom, você nunca vai saber, porque a vida real não é postada, a vida real fica na realidade de cada pessoa. 

Quantas vezes você já se frustrou por ver um feed ou fotos de pessoas e se comparar com aquilo e sentir que sua vida é bem pior? Talvez a gente saiba que a vida da pessoa não seja só aquilo que ela posta, mas estamos cada vez mais condicionados a acreditar que a vida dela é só o que ela posta, e não é... Mesmo uma foto de um momento puramente feliz é editada pra ficar ainda mais perfeita, uma perfeição irreal, existem filtros e mais filtros para cobrir as "imperfeições" da vida real, do que é natural, seja a iluminação, o tom das cores, linhas de expressão facial, espinhas, olheiras, e etc. 

Você já deve ter ouvido a frase "a beleza está nos olhos de quem vê", pois é, mas com que beleza estamos acostumando nossos olhos? A beleza real ou a fantasia? O quão doentio não estamos nos tornando por querer sempre uma vida perfeita, pele perfeita, sorriso perfeito, cabelo perfeito, cenário perfeito, etc.? Lembra quando as meninas se comparavam com as mulheres das capas de revistas e era um modelo muito distante do real? Hoje estamos fazendo isso em larga escala e agora não é mais só a mulher da revista, é todo mundo a sua volta, e até você mesmo(a), não conseguimos mais aceitar e olhar pra realidade tal qual ela é, quantos procedimentos estéticos mulheres dentro do padrão não se submetem para ficar ainda mais dentro de um padrão doentio? E quantas dessas mulheres não acabam morrendo por procedimentos estéticos como Lipo Lad, por exemplo? Já pensou então como não fica a cabeça da mulher fora do padrão, quando esta vê que as que então dentro já encontram imperfeições em seus corpos?

A internet está se tornando um mundo paralelo de perfeição onde tudo, desde uma foto de um café até as fotos de um casamento se tornam perfeitos demais e irreais demais também. "Mas Jamile qual o problema de querer postar uma foto bonita e editada?" O problema não é o post em si, mas como estamos lidando com eles, não mantemos a mesma consciência de irrealidade quando vamos pro mundo real, quando vemos pessoas reais, não gostamos do que vemos, mesmo uma foto bonita naturalmente, ainda precisamos achar alguma coisa pra melhorar com filtro. "Mas eu já olhei o seu Instagram e você também usa filtros nas fotos", siiim eu uso, porque eu também estou dentro dessa dinâmica, como qualquer pessoa, apenas acho importante a gente parar pra refletir sobre dinâmicas sociais que nos adoecem. 

Para além disso existe uma super valorização da alegria, devemos estar sempre alegres nas fotos, quantos desses sorrisos não são forçados? Porque hoje em dia é quase um crime você estar triste, com raiva, com medo ou deprimido, a questão é que todas as emoções são importantes e têm seus motivos para existir, e isso é muito bem colocado no filme  de 2015, "Divertida Mente" da Disney, se você ainda não assistiu, recomendo, um outro filme que retrata muito bem nossa atual sociedade do espetáculo é "Coringa" de 2019 da Warner Bros. Entertainment. 

Vai por mim meus amigos essa dinâmica de good vibe's only é furada, ninguém consegue ser sempre positivo, estar feliz e tranquilo a todo tempo, a vida não é fácil, ela dá motivos pra todos nós de nos sentirmos tristes, com raiva, com medo, com nojo, não é só de alegrias que se vive a vida. Você sabia que as obras mais famosas de Van Gogh foram criadas meio a uma depressão profunda? 

E não, não estou aqui para valorizar emoções desgostosas, mas devemos entender que todas fazem parte de nós e tudo bem, tudo bem estar mal, somos seres humanos, isso faz parte, não é frescura, não é falta de vontade, é humanidade. Vamos parar com essa positividade tóxica, estamos tão acostumados a ver sorrisos muitas vezes falsos que achamos que todos devemos sorrir o tempo todo e não é assim que a vida funciona! 

Forçar a barra na positividade só está gerando uma espécie de "efeito rebote", visto que hoje os índices de depressão e ansiedade estão cada vez mais altos em contraposição de feeds tão alegres e bonitos... Curioso, né? 

E aí, terráqueo do século 21, já postou sua vida perfeita nas redes hoje? 


Referências, indicações e inspirações:

Brasil Vive Surtos de Depressão e Ansiedade (Jornal da USP): https://jornal.usp.br/atualidades/brasil-vive-surto-de-depressao-e-ansiedade/#:~:text=O%20Brasil%20%C3%A9%20considerado%20o,4%25%20da%20popula%C3%A7%C3%A3o%20da%20Terra.

Divertida Mente Trailer: https://youtu.be/LSpeM7G4zfY

Coringa Trailer: https://youtu.be/jfVTJm9NilA

Vídeo - A Mente do Coringa: https://youtu.be/D3XQCA2G3Io

Van Gogh - Talento, Depressão e Suicídio: https://aulasdehistoriaearte.wordpress.com/2018/01/18/van-gogh-talento-depressao-e-suicidio/

Série Black Mirror (Netflix): Temp. 3 Ep. 6 "Queda Livre"

Documentário (Netflix): O Dilema das Redes.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

O Último Beijo


Quando me deres seu último beijo, dê-me lentamente
Para que eu possa registrar cada detalhe em minha memória, dessa doce sensação.

Quando me deres o último beijo, faça-o com
O mesmo entusiasmo que o primeiro
Para que renovemos mesmo que por um instante
Aquele êxtase da novidade.

Quando me deres seu último beijo, sinta-o não apenas com a boca, mas com o coração. 
Porque penso eu, que por mais que a memória esteja na cabeça a sensação fica no peito e de lá não se esvai como o pode ocorrer na cabeça.

Se eu pudesse te pedir, te pediria estas coisas, mas como o posso fazer,
Se não terás como saber, 
Quando será o último beijo?

-Jamile Pompeo

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

O que é vencer na vida?

 



Sabe uma coisa que eu acho triste? É esse sistema, esse que faz a vida ser baseada em competições desenfreadas e que pra ser digno, você precisa "vencer na vida", mas afinal o que é de fato vencer na vida? Para o nosso atual sistema basicamente se resume a você ter dinheiro, muito dinheiro e pouco importa o modo que você vai conseguir esse dinheiro, desde que você o tenha, mas isso é bem cruel, porque ao passo que o sistema te diz que você precisa sempre buscar ganhar mais e não só por necessidades básicas, não, por status também, porque hoje parece que o status se tornou uma necessidade básica, talvez advinda dessa nova sociedade narcisista, ele coloca toda a responsabilidade em você se terá sucesso ou não, e claro que somos responsáveis por nossas escolhas e consequências das mesmas, mas é essa a questão, ESCOLHAS, você faz o que faz por ter de fato escolhido ou por ser a opção mais aceitável? 

Existe um ideal do que é vencer na vida, geralmente quando alguém diz "fulano venceu na vida" você já tem um modelo pré-determinado das características que esse "fulano" teria que ter para ter "vencido na vida", e aqui eu nem irei entrar no mérito de descrever tais características, para não reforçar o esteriotipo, pensa nelas aí com você. 

Mas o que fica é, vencer na vida, de quem? Pra quem? Pra quê? Porque sinceramente, ninguém é igual, o que é ótimo pra um pode ser péssimo pra outro, as realizações pessoais dizem respeito a pessoa que se realiza, pode parecer meio óbvio, mas a gente não leva desse jeito na realidade, estamos sempre nos esforçando para se adequar a norma atual, e que muda com o tempo, demora, mas muda. E muda de acordo com os interesses de quem? Por exemplo, há muitos anos uma bela mulher era gorda, e hoje a beleza está associada a magreza ou músculos bem definidos, acontece que antes não havia geladeira, então quem era gordo demonstrava que comia o ano todo e se comia o ano todo tinha dinheiro, hoje em dia existe meio de conservar os alimentos por mais tempo e agora o padrão de beleza é a magreza/músculos definidos, e por que será, né? Provavelmente se você têm um corpo bem definido, pode demonstrar que você tem tempo de ir à academia, pode ter um personal trainer, um nutricionista, e portanto talvez um poder aquisitivo considerável, então o padrão de beleza nesse caso é sempre coisa de rico e muda, é... Meus caros, você aí lutando pra entrar no padrão que amanhã pode simplesmente mudar. 

E por favor, não se sinta culpado(a) por querer se adequar ao padrão, você não faz isso atoa, todo ser humano tem por definição a necessidade de relações interpessoais, de grupo, de convívio social, e se para ser bem quisto na sociedade, e nos grupos de convivência você tiver que se encaixar à alguns padrões, você o fará, mesmo que isso custe sua saúde mental/física, o sistema é muito bem arquitetado ao controlar as pessoas através de suas necessidades mais básicas, convívio social, alimentação, lazer, etc. Você só obterá essas coisas e mais se estiver dentro dos padrões impostos, do contrário será invisibilizado e marginalizado.

O pior disso tudo é que essa loucura toda começa já desde a infância, quando já preparamos nossas crianças para serem institucionalizadas, a verdadeira brincadeira acaba muito rápido, e depois é ficar sentado durante horas dentro de uma sala fechada, produzindo ou melhor dizendo reproduzindo exercícios, a maioria atendendo as expectativas de apenas um (o qual é dotado de toda a razão), várias matérias, onde dizem que a escola é para preparar os alunos pra vida, será que é pra vida mesmo ou para servir ao sistema? Porque na vida mesmo seria mais útil aprender sobre, por exemplo inteligência emocional ou como cuidar das finanças pessoais, coisas que ajudariam a sobreviver no sistema e não apenas servir a ele. Os alunos se tornam reprodutores de conteúdo, na fase em que estão mais propensos a todo tipo de criação e a imaginação mais fértil, quantos talentos maravilhosos não são perdidos, por acharem que se você não for algo como o que o sistema diz que é o correto você não vence na vida? E que só se vence na vida estudando, e não basta ser bom em uma matéria, tem que ser bom em todas, como se todo mundo fosse bom em tudo, então não é natural, basicamente aprendemos a decorar e reproduzir como máquinas de cópia. E aqui eu nem vou entrar no mérito do estresse quando chega a fase de prestar vestibular... 

E eu não quero com isso dizer que a educação não é importante, muito pelo contrário, é muito importante, mas a crítica se refere ao método e ao real propósito da educação que temos hoje, também não quero generalizar tem muitas escolas que tem métodos diferentes de ensino com propostas muito interessantes, de modo mais livre, mas geralmente são escolas particulares onde a maioria não tem acesso...

O que é vencer na vida pra você?

Referências, indicações e inspirações:

Indicação de filme: Como Estrelas na Terra: Toda Criança é Especial

Indicação de vídeo 
(Padrão de beleza): https://youtu.be/fnq9oIefeSQ 

SILVA, Ricardo F. AS EMOÇÕES E SENTIMENTO NA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E SUA IMPORTÂNCIA PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM: contribuições da teoria de Henri Wallon. Biblioteca da F.C.L. – Assis – Unesp, 2017.

Como você lida com a inveja?


Como você se sente quando alguém consegue uma conquista na vida e compartilha isso com você? Seja essa pessoa um amigo, um familiar, um colega de trabalho/faculdade, você tem mais tendência a se sentir feliz pela pessoa ou com uma pontada de inveja? Seja qual for a resposta, deixemos claro que é normal sentirmos um pouco de inveja das pessoas, seria hipócrita dizer que não sentimos, ninguém aqui é um alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado. E por que sentimos isso afinal? Será que é porque desejamos que fosse com a gente, ou que sentimos que estamos nos esforçando mais do que aquela pessoa, e logo merecemos mais? Seja como for, a gente só sente inveja da parte boa da conquista né? Agora, será que teríamos a mesma disposição de ter a conquista do outro se soubéssemos do preço de tal coisa? E não falo só do preço de TER, mas principalmente o de MANTER, e ai, já parou pra pensar nisso? E outra coisa, já parou pra pensar que deveríamos desejar com mais ímpeto a felicidade alheia, e sabe porquê? Porque todos somos uma rede e estamos interligados uns aos outros, o ser humano é um ser social/grupal onde você influência o grupo e o grupo te influencia de volta, seja você uma pessoa super quieta que pode se sentir indiferente, mas isso também afeta o ambiente, seja você a pessoa mais extrovertida, então da mesma forma, quando uma pessoa está mal do nosso lado como a gente fica? Pulando de alegria? Acho que não, geralmente tendemos a ter empatia e tomamos um pouco dessa tristeza pra nós, da mesma forma funciona quando alguém está alegre do nosso lado, tem gente que consegue nos contagiar com a alegria dela de tal maneira que podemos até não estar bem, mas a alegria da pessoa nos influência a ficarmos bem também, já passou por isso? Então, quando alguém vier super empolgado te contar sobre uma conquista e você se sentir menos, injustiçado ou  invejado, tente ponderar sobre essas coisas, 1° Eu daria conta de bancar essa conquista? Essa conquista é de fato o que eu quero para minha vida ou só estou querendo a parte boa disso? 2° Por que não me deixar influenciar por essas boas vibrações da pessoa que conquistou algo ao invés de ficar me corroendo por dentro? 

OBS: Pode ser que a conquista da pessoa seja exatamente o que você quer e a conquista do outro não necessariamente anula a sua possibilidade de chegar lá também, só que é preciso entender que cada um tem o seu tempo, processo e caminho a percorrer . 😉

Referências: 

L. Gomes, S. Bolze, R. Bueno, M. CrepaldiAs Origens do Pensamento Sistêmico: Das Partes para o Todo. Pensando Famílias, Santa Catarina, 18(2), p. 3-16, dez., 2014.

 

O que seria o ser humano sem a moralidade?

 

Ando pensando que originalmente, na raiz da coisa o que é o ser humano sem a moralidade de uma sociedade? Quais são os impulsos primordiais que recalcamos pela moral e bons costumes de uma época, qual o custo de ser um ser social e histórico inevitavelmente? 

Já parou pra pensar o que está implícito no que é ser bom ou mal? E talvez a maior culpada pela hipocrisia humana seja a tal da moral que todos tanto glorificam, sendo que ela domina aquilo, que talvez nos seja tão natural... E claro, que não posso desvalorizar a moral pura e simplesmente, visto que de certa maneira ela serve para o bom convívio mútuo, certo? Mas até que ponto é apenas pelo convívio mútuo e até que ponto ela só serve para tornarmos juízes e réus uns dos outros? Me pergunto também quem era mais saudável será, o índio "selvagem" ou o europeu dito, civilizado...? Qual foi o preço dessa civilização toda? Não seria o sistema uma forma de agressividade em massa, com normas e regras para servir os interesses de uma minoria, e talvez querendo ou não essa agressividade em forma de política não seria a mais pura selvageria humana? 

Quando nos revoltamos com políticos por estarmos na base, será que se não nos fosse dada a oportunidade de estar no topo, não faríamos o mesmo, ou pior? 

E agora um assunto mais delicado, se pensarmos bem até na bíblia há valores morais, sobretudo no velho testamento quase que impossíveis de se praticar, e depois mesmo Deus na sua onipotência, revisa o rolê todo e cria o novo testamento, com a chance do perdão, e esse dias eu vi um vídeo (do Pondé) que dizia que o perdão supera a justiça, ao pressupormos que Justiça é quando o errado deve ser condenado, mas quando este é Perdoado não se trata mais de Justiça, pois o Perdão, não se trata de merecimento, mas justamente do oposto, dar o perdão é dar aquilo que não é merecido, e a pessoa a ser perdoada entender que ela não merece aquilo que lhe foi dado, então não se trata de justiça (abaixo link do vídeo)...

Referências:

https://www.youtube.com/watch?v=S6DK66W1xkE (vídeo do Pondé)

Já quis ser outra pessoa?


 Você já olhou pra alguém e pensou: "eu gostaria de ser como essa pessoa"? Talvez por ela ter alguma qualidade que você julga melhor que a sua, talvez a postura dela, um talento, um jeito de ser... Bem eu já, e a real é que as vezes fazemos comparações tão injustas dos outros com nós mesmos que isso acaba afetando diretamente a nossa auto estima, achamos que só porque a pessoa é melhor nisso ou naquilo, significa que ela é melhor que nós, mas a questão é que você sabe de quase tudo sobre você, e da pessoa você só sabe aquilo que ela te apresenta e geralmente as pessoas tendem a apresentar o seu melhor, raro as vezes em que as pessoas vão mostrar umas as outras seus defeitos e falhas, só em relações de intimidade e olha lá... E mesmos as falhas não são parecidas, e não cabem comparações, cada um tem a sua limitação e o seu próprio potencial dentro dos recursos que têm, claro que estamos sempre querendo melhorar e evoluir, mas devemos fazer isso a partir do nosso próprio potencial e não mirar o potencial do outro e achar que o resultado será o mesmo, provavelmente não será e quando nos deparamos com isso vem a sensação de fracasso... E não que não possamos nos inspirar uns nos outros, é quase inevitável isso, mas usar o outro como inspiração não é o mesmo que usar como molde a ser encaixado, porque cada um tem a sua forma e maneira de ser, o legal é a gente olhar pra si e tentar identificar aquilo que nos faz plenos em algo, algo que seja apenas nosso, que nos deixa confortável porque é original, por assim dizer, e fazemos de bom grado, e explorar isso, as vezes temos talentos que nem sabemos, mas que são admirados pelos demais e por ser algo quase que natural e não demandar muito esforço, a gente pode banalizar e aquilo que temos mais dificuldade e vemos a facilidade de outros nos faz pensar que somos inferiores só por aquele aspecto. 
E você sabia que existem vários tipos de inteligência? Howard Gardner, cunhou a teoria das inteligências múltiplas que mostra que não há apenas um tipo de inteligência, mas várias e todos temos uma mais desenvolvida e outras menos, ninguém é bom em tudo, mas todos temos capacidade de evoluir em todas as inteligências.

Referências:

Gardner, H. (1998). A Inteligência - Múltiplas Perspectivas. Artmed





Terapia psicológica


 Eu ando vendo bastante incentivo às pessoas fazerem terapia, porque é bom, porque isso e aquilo outro, e eu concordo! Porém, é interessante também, as pessoas se inteirarem do que é a terapia, porque ao passo que eu vejo incentivo à terapia psicológica, vejo que muitas pessoas estão indo pra terapia e se frustrando, justamente por não entender como funciona mais ou menos o processo terapêutico... Então bora lá, 

1-A terapia não vai resolver toda sua vida, tem coisas que podem não mudar, mas a terapia pode te ajudar com o processo de aceitação; 

2- A responsabilidade maior das coisas terem algum efeito é sua e não do terapeuta, ele te dá as ferramentas que podem ser usadas, ou um panorama maior da situação, cabe a você decidir o que fazer a partir dessas novas perspectivas; 

3- Terapia não é só flores, muitas vezes você vai entrar em contato com conteúdos muito dolorosos pra você, mas isso faz parte do processo e conforme você vai entendendo como você funciona e alguns porquês das coisas tudo vai fazendo mais sentido; 

4- Não existe só um tipo de abordagem psicológica, tem várias! E você pode escolher uma que se encaixe melhor no seu perfil, então recomendo uma pesquisa rápida antes de decidir; 

5- É importante que você se sinta à vontade e bem com seu terapeuta, tem que haver uma espécie de conexão entre vocês, pois ali serão trabalhadas coisas muito importantes sobre você então, escolha alguém que te passe essa segurança e conforto pra se abrir; 

6- Não precisa ter vergonha, você pode falar sobre qualquer assunto com o terapeuta, ele não vai e nem deve te julgar, ali é um espaço seu, um momento pra você e é pra ser um momento de acolhimento diferentemente do mundo lá fora nesse espaço não existe juízo de valor por parte do terapeuta! 

Basicamente é isso aí minha gente, e se possível façam terapia! 

O problema da super produtividade.


 Como tem se sentido nos últimos tempos? Cansado, frustrado, se sentindo atrasado? Bom se sim, você não está sozinho(a) nessa, mas a verdade é que não paramos muitas vezes pra pensar o porquê dessas sensações, e podemos até achar que é algo exclusivo nosso e não é. 

Vivemos hoje em uma sociedade que valoriza pessoas inquietas, é bem comum ouvir coisas como "tempo é dinheiro", "treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam e então viva enquanto eles sonham", (isto é, se você não começar a sofrer da síndrome de Burnout e correr o risco de sofrer um AVC aos 40 anos), se você trabalha em escritório ou algo parecido e diz que está cansado ouvir, "cansado de quê? Trabalha no ar condicionado o dia todo", pois é, mas a real é que o cansaço mental as vezes pode ser mais destrutivo que o cansaço físico por si só, visto que a mente é muito mais dinâmica e pode gerar até maiores impactos na nossa qualidade de vida. 

Antes havia uma sociedade do dever onde a negatividade era expressa por "você deve fazer", mas agora o que se ouve muito é "você pode!", "Seja dono de si mesmo", " seu maior obstáculo é você mesmo", e isso pode gerar uma sensação de falsa liberdade, pq agora você compete não só com os outros, mas também com você mesmo e isso cria pessoas muito mais eficientes para o nosso sistema, e essa digamos assim, estratégia, de "poder" e não de "dever" é muito mais eficiente porque agora, o próprio indivíduo vai atrás de estar sempre produzindo, e as redes sociais contribuem muito pra isso, porque as vezes você está levando sua vida de boa quando de repente vê um amigo que entrou numa faculdade, gente que posta que trabalha, estuda, vai na academia, cuida de filho, e mais e mais e mais... Ou mesmo, você vê gente sempre muito feliz aqui nas redes certo? Viajando, curtindo um barzinho e aí você pode pensar, "bem se fulano foi pra tal lugar eu também quero ir", e então você precisa de dinheiro, mas seu orçamento não dá e você pode concluir, "preciso de um salário maior", e pra isso você precisa se qualificar visto que, o que sabemos é que você pode trabalhar bem, mas em uma competição por uma vaga quem se destaca é quem está melhor qualificado (pelo menos em teoria, porque esse lance de meritocracia também é furada) mas a gente acredita e vamos nós lá se qualificar e as vezes nem assim chegamos lá. 

Mas não estou aqui pra te desmotivar, apenas para apontar que esse sistema tem gerado pessoas com síndrome de Burnout, depressivas, ansiosas e isso tudo é bem cruel, pois depois a sociedade volta a culpa e a responsabilidade de você estar bem em você mesmo(a), sobretudo em um país no qual saúde mental ainda é um tabu e as pessoas levam tudo como preguiça ou falta de força de vontade.

Referências:

CORBANEZI, EltonTempo Social. Revista de Sociologia da USP, local de publicação, v.30, n.3, p. 335-342, set.-dez., 2018.

Han, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. ampl. Petrópolis, Vozes, 2017. 128 pp.


Lua

Você é a mais bela, linda e perfeita obra prima que habita o céu, todas as suas fases, seus ciclos me fazem lembrar dos meus, às vezes você ...